sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O TRIGO E O JOIO

O JOIO E O TRIGO


Na Casa do Oleiro, só entramos mesmo quando nos levantamos, ou seja, saímos do nosso comodismo religioso, humanista e conveniente, e nos dispomos a descer. Alguns dizem que pra descer “qualquer santo ajuda”, porém descer à Casa do Oleiro, não é algo muito fácil, nem se tem muito incentivo.
Muitas vezes não desejei estar lá e outras tantas, não desejei sair de lá, e esse desejo não era um posicionamento de Pedro Tiago e João no delírio de convencer o Cristo a fazer tendas no monte por ocasião da Transfiguração. Ficar numa postura espiritual onde o compromisso e o serviço não são requeridos, ou são substituídos pela contemplação, pelo cumprimento ritual, como o culto tributário no domingo, ou por manifestações espiritualizadas.
Descer à Casa do Oleiro é um desafio de esvaziamento, de desmascaramento pessoal, onde ninguém mais se não você mesmo precisa saber o que Deus esta falando. Uma pergunta pode despertar a resposta - modeladora de uma multidão. A verdade é  que a Casa do Oleiro nunca foi lugar de multidões, apenas de verdadeiros Adoradores, de verdadeiros profetas, homens e mulheres que podem ver além de tudo o que é convencional. Homens e mulheres capazes de rasgar o odre velho na certeza de que um vinho novo iria ser desperdiçado se nele fosse guardado. Homens e mulheres que conseguem perceber que os trabalhadores da ultima hora, podem receber o mesmo soldo que aqueles que trabalharam desde as primeiras horas, e não se aborrecem com o critério de Justiça do proprietário da vinha. Homens e mulheres capazes de com as pedras nas mãos para executar uma mulher adultera são capazes de reconhecer que nunca estiveram em condição superior a ela, e que não são dignos de atirar a primeira  nem a ultima pedra.

Aquele irmão legalista e religioso levantou-se dizendo:
-“Se o joio puder ser  identificado ele podera ser arrancado?”.
É interessante como nos preocupamos com as opiniões dos homens e nos fechamos ao falar de Deus. Se eu disser que sim o irmão se sentirá avalizado em seu raciocínio humano. Minha concordância seria a permissão para que o irmão matasse até mesmo alguns neófitos, ou muitos deles no meio da Igreja. Algo que dizemos como Verdade, só pode ser considerada VERDADE se sua procedência for a boca de Deus, por meio da Palavra de Cristo. Se algo que digo ser Verdade em Cristo, não for o Falar de Deus, é mentira.
Quando falamos de Trigo e Joio, falamos de Verdade e Mentira, falamos de Ser e Não Ser; de Água e Fogo, de Vida e Morte, de Graça e Lei, de Realidade e Fantasia de Verdadeira Espiritualidade e de Farisaísmo.
Vivenciamos a questão da seguinte maneira, o JOIO, É TODO AQUELE QUE SE FAZ PASSAR POR TRIGO. É O JOIO QUEM QUER ATEAR FOGO AO TRIGO, DIZENDO QUE O TRIGO É JOIO. Enquanto o verdadeiro Trigo sequer nota o Joio. O trigo morre para gerar nova vida, cai no solo e é sepultado para morrer e produzir e tem prazer nisso.
Teria o amado, coragem de admitir que julgando o seu semelhante se faz semelhante ao joio?
Se o fizer, com certeza encontrara libertação e cura; pois se nos julgamos a nós mesmos não somos condenados com o mundo, uma vez que somos repreendidos pelo Senhor, corrigidos e tratados por ele. Além do que a conhecimento da verdade sobre si mesmo, inclusive, é a chave para a Libertação.
Quando o que se diz Trigo, quer matar o que julga ser joio, corre o risco de matar o trigo junto, pois só a semente que morre pode frutificar, e é pelo fruto do morrer para gerar vida que joio e trigo poderão se discernidos e isso pelos ceifeiros.
Então temos uma única realidade; que determina que o Trigo é, enquanto o joio aparenta, ou finge ser, porque sabe imitar.O trigo só é.O joio sabe que é joio e imita o trigo. O trigo ama a verdade de Deus, o joio a mentira em si mesmo.
O joio vive sob a teologia do engano que faz do homem salvador de si mesmo, pela justiça própria, pelos méritos das obras, da espiritualidade que pode desenvolver na mente, na alma e não no espírito. Faz do homem salvador de si mesmo pelo livre arbítrio. Por troca de favores com Deus, e com a instituição, mas nunca pela cruz. O Joio quer frutificar sem morrer, enquanto que o Trigo se gloria da Cruz, na Cruz, e por meio da Cruz. O joio tem nome de morto, e o trigo em Cristo morre de fato, com a declaração constante, de “não mais eu, nunca mais eu, jamais eu, de maneira alguma eu, mas sempre Cristo em mim através de mim, por mim”.
O trigo se vê morto, se considera morto na morte de Cristo e vivo para Deus, por pura Graça.
Os amigos de Jó, como joios, mas é o Jó maldito aos olhos dos homens quem intercede por eles, é o desgraçado que alcança na graça da misericórdia a benção sobre seus julgadores e condenadores. É o condenado quem, afligido pelas artimanhas de satanás que vai interceder pelos seus juízes implacáveis.
O joio é religioso, legalista, enquanto que o Trigo, na graça sabe que nenhum homem é mais desgraçado que aquele que julga e condena, mas que Trigo verdadeiro é aquele que como réu condenado clama por misericórdia de Deus aos seus carrascos;
 - “Pai perdoa-os por que não sabem o que fazem!”

Alguns soluços e lágrimas molhavam os barros secos na casa do oleiro.

Jcflor-daniel

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