A Noiva Bêbada
A Casa do Oleiro, era sempre um lugar de acontecimentos inusitados. Às vezes mesmo surreais, no sentido de nada ortodoxos, nada convencionais que ferem as tradições não de modo agressivo, mas com a sutileza de uma borboleta buscando néctar nas flores, e carregando o pólen nas patas, para fecundar novas vidas.
Tocar a alma, os sentimentos as emoções de uma pessoa com uma Palavra, além de nos alimentar da Vontade do Pai, era sempre promover a Libertação de muitas vidas de suas prisões emocionais e até físicas.
A Casa do Oleiro, sob a perspectiva da Graça é sempre um lugar aberto, com sol, com chuva, de dia ou na frieza congeladora das baixas climáticas da vida, quando a baixa -auto estima, domina o ser, quando os sentimentos de rejeição e tristezas movem o dia a dia , de seres cujos valores se perderam nos caminhos das indiferenças humanas.
Os assaltados no caminho de Jerusalém. Aqueles que nunca sabemos se estavam indo ou vindo, e nem porque foram assaltados, mas estavam caídos em nosso caminho de ir e vir, e nós também lhes fomos indiferentes.
O nome dela, não sei. Não me recordo, mas eu a chamei de “Constância”, tinha muito a ver com ela. Estava sempre por ali. Suja, mal vestida, cheirando mal. Entrava, saia, sempre a hora que bem entendia, como todos. As vezes permanecia até a hora do lanchinho, como alguns. Outras vezes dormia, como outros. Às vezes mostrava interesse fixo em algumas falas, colocações que alguém fazia, às vezes ria do que diziam, outras chorava como criança, batia palmas, aplaudia, cantava quando cantavam todos...mas nunca abriu lábios para perguntar nada, nem para palpitar...quase sempre sua presença era imperceptível não fosse o mau cheiro que desprendia de suas roupas imundas.
Aquela noite algumas irmãs resolveram agir de outra forma. Enfrentaram a Constância e a convenceram a um bom banho, corte do cabelo, e roupas limpas. Horas depois de um tratamento de higiene e beleza. Constância adentrou a sala novamente, cheirando Vida, cheirando Amor. Para esconder a raspagem da grossa cabeleira, cobriram-na com um véu acetinado de vários matizes azuis, que deram destaque ao par de olhos verdes escuros que saltavam da pela negra. As vestes limpas combinadas à sua pouca idade, mostravam a jovialidade vital que o álcool e a vida nas ruas escondiam.
Os pés estavam limpos e calçados. Impossível não notarmos as diferenças que se destacaram na jovem Constância, que constante bêbada vivia ao nosso lado todos os finais de semana. Então o Espírito me fez vislumbrar a Igreja Noiva Bêbada. Jogada na Rua das Mundanidades. A Igreja de pés sujos, andando fora do Evangelho Verdadeiro, a Igreja Noiva, cuja cabeça humana tem de ser raspada com navalha, para poder ser coberta com o véu da Pureza da Verdadeira Autoridade Espiritual, que lhe devolverá a beleza da Visão do seu propósito, e da sua realeza presencial na Terra. O Espírito me mostrou que por trás da Igreja Noiva Bêbada com as doutrinas embriagadoras, bêbada com o vinho da dissolução, existe a Noiva Bela, jovem que não se enrugou com o envelhecimento das atrocidades humanas, com a temporaneidade dos prazeres do mundo. Que por baixo daquela figura tão destruída aos meus olhos, existe a verdadeira natureza, o verdadeiro propósito de Deus. Então o Senhor me disse: - Zele por ela com o meu zelo, pois ela esta desposada como uma virgem pura, sobre quem os tempos não podem atuar. Guarde-a e apresente-a a Cristo, pura, limpa, lavada, santifica, calçada pelo Evangelho, coberta pelo capacete de salvação, vestida de vestes limpas, como se apresenta a virgem noiva a um único esposo. A jovem Constância foi em minha vida uma das mais belas lições Vivas da Palavra! A casa do Oleiro gritou junta: - AFINAL! A NOIVA! *********projcflor.-Daniel.
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